domingo, 2 de março de 2008

Garbo delirando

Frio! Que merda, odeio frio, disse o topetudo na rede da minha varanda enquanto olhava as montanhas. O lugar onde moro é alto e no inverno, como agora, esfria bastante para os padrões cariocas, Garbo enfrenta um cortante e gelado vendaval, por motivos que ignoro. Na verdade não faço idéia nem de como ele entrou aqui, mas esta lá, balançando e reclamando enquanto tomo chá.

Chego até ele para perguntar por que ele ainda está lá, já q o frio o incomoda tanto.
- Cara, preciso da sua ajuda, preciso encontrar alguém e só você pode me ajudar, fala Garbo entre os dentes que batem pelo frio.
- Em primeiro lugar eu mal te conheço, respondo, e ademais como eu que nem sei quem você é poderei te ajudar a encontrar alguém que não conheço? E esse papo de que só eu posso te ajudar, que dramalhão.
- Você sabe sim quem eu sou, e melhor do que você imagina, sabe também quem estamos procurando e por que precisa dela tanto quanto eu.
- Dela?
- Temos que encontrá-la, tenho algo a dizer que é imperativo que seja ouvido por ela.
- Nossa, lá vem você de novo com esse papinho...
- Tive que deixar minha querida Ofélia na Islândia enquanto ela enlouquecia tentando compreender um poema skaldico.
-Poema o que? Perguntei sem nem conseguir repetir o que tinha ouvido.
- Skaldico, ignorante, é um tipo de poesia criada na Islândia medieval por Skalds (poetas da época), o problema é que os skalds usavam um estrito sistema para escrevê-los conhecido como verso aliterativo e muitos kennings, que são uma forma figurada de descrever uma pessoa ou lugar, e para se compreender o kenning precisa-se de um profundo conhecimento da literatura da Islândia medieval.
- Islândia medieval? Mas do que você está falando e por que a sua Ofélia se interessaria por isso?
- hã... talvez por que ela seja a pesquisadora chefe da Universidade da Islândia – disse garbo com soberba.
- hum... mas e daí, qual o problema do poema e porque agora você tem que encontrá-la?
- Segundo ela, o poema que encontrou numa caverna, da ilha de Svalbard, dá orientações sobre uma cidade perdida, fundada por Leif Ericson.
- O cara do celular? Interrompi abruptamente
- Não, ignorante, o filho de Eric, o vermelho, viking que fundou a primeira colônia na Groelândia.
- E nessa tal cidade perdida tem ouro e jóias? Que batido...
- Não, ignorante, lá estão o resto da saga islandesa que conta a história de um grupo, que junto com Leif, chegou a América em torno do ano 1000, e que pode mudar significativamente parte da historia da colonização das Américas.
- hum... e onde minha vida é atravessada por esta Estória fantástica? Indago indo pegar outra xícara.

5 comentários:

Tônia disse...

mto bom..

aqui no RS eh muitooooo frio no inverno, chega a nevar em certos pontos..

e eu amooooooooo frio

Anônimo disse...

Cara,muito obrigado pelo teu comentário. Fiz o texto hoje,não tem muita explicação.Acho que ainda é muito cedo pra uma continuação,mas eu adoro voltar a usar personagens.Quando combinam com certo tipo de situação,sabe?Eu gostei muito do teu texto "Estadunidenses X Gente".Bem interessante, e confesso que não sabia várias coisas que tu descreveu ali.


Pra adicionar foto é simples.Quando tu for escrever um texto no teu blog,vai ter alguns desenhos logo abaixo o local do título.Passe o mouse por cima deles e espere alguns segundos que aparecerá uma frase dizendo o que fazem aquelas imagens.Na que estiver escrito imagem,tu clica, e adiciona quantas imagens quiser.

Abraço!

Marcelo disse...

Olá, Garbo, obrigado pelo comentário.
Me interessei em ler esse tal de Albert Camus.
E muito interessante seu blog. Confesso que ri muito ao ler o texto "Estadunidense x Gente". E interessante também como chegou ao meu blog justamente quando entrei no tema existencialismo. Legal receber comentário de alguém, cuja o título do blog é: Pressupõe-se existir! hauhauhau

Euzer Lopes disse...

Até eu fiquei sem entender sua história. Espero a continuação! Não entendi mas gostei do tom misterioso e interrogativo

lélhens disse...

tou atrasada pra caraaalhas nos teus posts. Enquanto eu domoro dias pra parir um capítulo da minha própria história a vossa sapiência aí gorfa textos como se fosse cusparada. in vejável.
^^
Faço votos para que a saga do garbo e seu fiel escudeiro na busca pela guria do poema seja constante e permanente. juro/prometo solenemente que vou acompanhar roendo as unhas!