quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O fim

Queria poder ser quem sou não sendo eu, mas sendo outra pessoa, uma pessoa que sendo sem ser eu possa falar por mim, mas sem que seja eu, seja outra pessoa.

Conheci Van Garbo quando caminhava pelo interior de Minas Gerais subindo uma montanha muito alta, com chão de pedra e sob um forte sol quente. Muito cansado e suado sentei sobre uma pedra debaixo de uma parca sombra oferecida por uma planta espinhosa, que morrera aparentemente há muito tempo. Olhando para o chão enquanto esperava a próxima gota de suor escorrer pelo meu queixo, ouvi um farfalhar atrás de mim e ágil como uma libélula, levantei de um pulo e tropeçando e levantando, tossindo poeira, parei a uns três metros de onde estava.

Quando corajosamente me preparei para enfrentar meu cansaço e correr feito louco, vi um topete azulado aparecer. Recuperado do susto, vejo que abaixo do topete tinham um par de sobrancelhas claras e alaranjadas, dois olhos pretos e uma cara branca e sardenta. Sorrindo para não gargalhar da estranha figura, pergunto o que ele estava fazendo ali, e sou informado que estávamos seguindo o mesmo caminho em busca da Janela. Seu nome é Lutero Von Garbo e apesar do calor e de sua pele clara, não estava vermelho nem suado. Quando o questiono sobre isso, ouço como resposta: Tem água ae?

Volto a caminhar, agora acompanhado pelo topetudo, que começa a falar pelos cotovelos pulando de um assunto para outro, sem pegar fôlego. Falou sobre a origem das mitocôndrias, se Helena gostava mais de Menelau ou Paris, se o homem foi ou não a lua, o clube dos 300, a causa das guerras modernas, poesia, porque o Vasco sempre fica em vice, e mais uma infinidade de assuntos que apesar de tão distintos e diferentes, Garbo sempre conseguia emendar um no outro e manter uma linha lógica e coerente enquanto caminhávamos montanha acima debaixo de muito sol.

Quando ele encerrou o assunto sobre o movimento Bara Bröst e começou a falar da bolha imobiliária e do Carlyle Group eu o interrompi e perguntei o que caraleos ele estava fazendo, já que nunca havia me visto na vida e eu não tinha dito mais do que um resmungo (que na verdade tinha sido pelo calor) durante todo o caminho. Novamente não me respondeu e disse que ia pegar um atalho para o basculante, já que a Janela estava muito longe. Antes de terminar a frase eu o perdi entre as moitas secas vendo apenas seu topete azul sumindo no meio delas. Na curva seguinte alcancei o resto do grupo...


Fiquei por muito tempo pensando o que foi aquilo, um ruivo de cabelo azul que sumiu da mesma forma que apareceu no meio de uma trilha, me falando de tudo quanto foi assunto. De certo modo sabia que algo estava por acontecer.

Um comentário:

Hermano disse...

Eu tava tentando entender sobre o que se tratava o texto. Parecia algum conto literário chato...
Mas na parte do "interrompi e perguntei o que caraleos ele estava fazendo"

Eu começei a rir aheeauaehueahueau

Boa sorte com seu blog ^^
Mto legal ^^
abç