domingo, 17 de fevereiro de 2008

Desejo

Certa vez Garbo deu-se a falar de seus amores, daquelas poucas que ele realmente amou, às quais se mostrou com tamanha pureza, que nem mesmo ele sequer conhecia inteiramente, mas a sua amada tudo ofereceu.

Ofélia era para Garbo a maior de todas as inspirações, deleite fugido de seus sonhos mais obscenos e pecaminosos, mais angelicais e tenros, era ela uma jovem descendente de quatro ou cinco gerações de bêbados do leste europeu, o sangue viciado por uma hereditariedade de miséria, luxuria e bebedeiras, que nela se transformava num desequilíbrio nervoso do seu sexo, em uma volúpia louca repleta de paixão e ardor.

Possuía Ofélia olhos oblíquos e simetricamente fora de eixo, alta, com cabelos selvagens, e de carnes soberbas, tal qual uma planta que avança sobre os muros dos castelos, vingava os vadios e os abandonados de que era produto. Com ela, a podridão que fermentava nos puros e atrozes vinha à tona, e corrompia a aristocracia com o poder e intensidade de uma chuva de verão. Tornava-se uma força da natureza, um fermento de destruição no coração dos homens, sem mesmo o desejar. Corrompeu e desorganizou o coração de Garbo entre as suas coxas brancas, tornando-o adulador de suas vontades, o servo de um amor incompreensível e perigoso.

Porém como natural das chuvas de verão, Ofélia se foi com a chegada do outono deixando ao servo de outrora a lembrança de que nada ataca mais ferozmente e profundamente que o amor, deixando profundas e perenes cicatrizes.

3 comentários:

Diego Rodrigo disse...

Gostei da comparação com a chuva...
"tudo se vai"
É uma pena né! As coisas poderiam ser eternas, mas, como a chuva elas vêem e vão!

henriquen disse...

gostei do texto;
não gostei do verde.
Parece mesa de Pôker ou blog do palmeiras.. e eu sou corinthiano meu! hahahahahhahahahaha
Me visite qndo puder:
alemdq.blogspot.com

Amanda Guerra disse...

como diria Vinicius de Moraes, ¨ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão¨.

no mais, esse texto me pareceu mais um ato falho fantasiado em poética, me enganei?

se for, sorte sua. grandes experiências o cercam. se não for, parabéns, você escreve muito bem.


apenas para não perder o foco de futilidades: qual o problema com mesas de poker?!?!?1