sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Estadunidenses x Gente

Estadunidesnses não são gente.

De forma alguma são gente como a gente, aquele povinho estranho que vive lá em cima, perto dos pacíficos e educados canadenses e dos latinos e animados mexicanos. Reparem nas tentativas deles de se mostrarem diferentes ou e tentarem ser.

Os estadunidenses diferente do resto do mundo, não pensam em kilometros, metros e centímetros, usam milhas, jardas, pés e polegadas. Descobrir a altura de alguém é quase impossível quando a resposta vem assim: “Seven five” Sete pés e cinco polegadas. Tá de sacanagem, né? Porra, mas que coisa ilógica, tinham que escolher a forma mais primitiva e complicada para medir?
E as grandes distâncias então, eu pergunto onde fica tal lugar e o cara responde – six hundred yards – Fudeu!! Nunca saberei qual a distância disso, é muito, é pouco? Quantos campos de futebol cabem? E se ele responde – 2 milles – aí melhora um pouco, tenho só que multiplicar por 0,6 de cabeça na hora, para poder ter alguma noção...

Outra coisa que você realmente terá dificuldade de entender se ouvir de um estadunidense é sobre a temperatura, pergunte quantos graus estão e o rosadinho te responde: 32º Fahrenheit - Você pensaria que está quentinho, mas está 0º Celsius! Porque qualquer coisa que ele te disser você diminui 32 e divide por 1,8 que é uma conta muito tranqüila de se fazer para saber a temperatura e terá o correspondente em Celcius. Desde 1724 o povinho de lá e o resto do mundo usavam esta medida de módulos enormes, mas em 1742, um carinha (que não era estadunidense, claro) criou o grau Celsius, bem mais lógico, que dizia que a água congelava a zero graus e fervia a 100, e não 32 e 212. Desde lá os pitizentos estadunidenses continuam usando o Fahrenheit sabe-se lá porque.

Sobre o avião, os estadunidenses, claro, acreditam que diferente, do resto do mundo, foram os irmãos Wright os criadores do avião, mas alguém deveria avisá-los que a catapulta foi uma invenção romana e não estadunidense, e que avião é algo que voa com propulsão própria, como Santos Dumont fez.

Os esportes também são uma fartura de coisas que só eles gostam, algumas são realmente boas e eles conseguem exportar, outras não...
Só la tem, Futebol americano, que copiaram do rúgbi e mudaram um pouquinho as regras. Por causa do nome que deram, eles chamam o verdadeiro futebol de soccer, mas só lá. Tem também o basebol que só eles entendem, a Nascar em que os carros ficam correndo em círculos em todas as pistas do circuito, tem também o Lacrosse que eles inventaram mas ninguém se interessou...

Alguns deles realmente acreditam que são a policia do mundo, e não os piratas do mundo, seu governo mete o bedelho em cada conflito em que possa se dar bem ou vender armas, arruma confusão com todo mundo, boicota aqueles que não seguem suas regras e obriga o resto do mundo a concordar, se dizem os defensores da democracia, mas só onde interessa, nem a china nem a áfrica precisam de democracia...

Por isso afirmo que eles não querem ser ou não são gente, e se você, leitor, possuir alguma prova de que eles não são gente, me mande que eu anexo ao texto.

PS: Eles também acham que são os unicos no continente americano.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Trova

Vaidosa, ela se assume!
Em seu ódio indiferente.
Ilumina como um vaga-lume,
O seu sexo rubro e quente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sentir-me

Verta sobre pálpebras o calor da lua.
Em minha mão o néctar de um pensamento.
Derrame sob a noite de outrora um manto de chuva.

Hoje será tido tudo que nunca se teve em meu corpo,
Tudo que cada grama de meu corpo assola,
Corruptamente inebriando seu sexo.

À violência carmim de meus toques.
Estremecerá a carne em tórridos vibratos .
Ao salão que se inunda ao som de arias voluptuosas.

Pupilas dilatadas sentem o calor refletido em prata.
O delírio de antes é serenamente domado,
Ante novos versos escritos em hiatos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sun screen

"Você também vai envelhecer, e quando isso acontecer você ira fantasiar que quando era jovem, os preços eram acessíveis,e os políticos eram menos corruptos."

"Conselho é uma forma de nostalgia. Dar um conselho é uma forma de resgatar o passado da lata de lixo limpa-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço maior do que ele realmente vale"


Sun screen é um vídeo de fim de ano de uma agencia de publicidade para seus clientes, todo mundo com certeza já ouviu, mas vale sempre a pena ver novamente. Uma curiosidade é que o cara-de-imbaúba do Pedro Bial traduziu o texto, mudou as imagens e disse que era dele, que ele tinha escrito, não teve sequer a mínima decência de mudar o as palavras traduziu no pé.

Nada mais natural de se ouvir, de um homem que é inspirado por heróis como os dele.

Segue o link

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Desejo

Certa vez Garbo deu-se a falar de seus amores, daquelas poucas que ele realmente amou, às quais se mostrou com tamanha pureza, que nem mesmo ele sequer conhecia inteiramente, mas a sua amada tudo ofereceu.

Ofélia era para Garbo a maior de todas as inspirações, deleite fugido de seus sonhos mais obscenos e pecaminosos, mais angelicais e tenros, era ela uma jovem descendente de quatro ou cinco gerações de bêbados do leste europeu, o sangue viciado por uma hereditariedade de miséria, luxuria e bebedeiras, que nela se transformava num desequilíbrio nervoso do seu sexo, em uma volúpia louca repleta de paixão e ardor.

Possuía Ofélia olhos oblíquos e simetricamente fora de eixo, alta, com cabelos selvagens, e de carnes soberbas, tal qual uma planta que avança sobre os muros dos castelos, vingava os vadios e os abandonados de que era produto. Com ela, a podridão que fermentava nos puros e atrozes vinha à tona, e corrompia a aristocracia com o poder e intensidade de uma chuva de verão. Tornava-se uma força da natureza, um fermento de destruição no coração dos homens, sem mesmo o desejar. Corrompeu e desorganizou o coração de Garbo entre as suas coxas brancas, tornando-o adulador de suas vontades, o servo de um amor incompreensível e perigoso.

Porém como natural das chuvas de verão, Ofélia se foi com a chegada do outono deixando ao servo de outrora a lembrança de que nada ataca mais ferozmente e profundamente que o amor, deixando profundas e perenes cicatrizes.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Outro

À necessidade humana do olhar e do desejo se fazem unicamente a forma de se ver. Cada agrupamento molecular que deseja, espera o outro para sua satisfação, o outro porém chega em busca de si, no outro.


"E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar,
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho."

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Torrão e o Seixo

O Torrão e o Seixo

"O Amor jamais a si quer contentar,
Não tem cuidado algum como o que é seu;
Sacrifica por outro o bem-estar,
E, a despeito do Inferno, erige um Céu"

Esse era o canto de um Torrão de Terra,
Pisado pelas patas da boiada;
Mas um Seixo, nas águas do regato,
Modulava esta métrica adequada:

"O Amor somente a si quer contentar,
Atar alguém ao próprio gozo eterno;
Sorri quando o outro perde o bem-estar,
E, a despeito do Céu, ergue um Inferno."

Blake

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A Bochechuda e a Almofada Salvatriz

A Bochechuda e a Almofada Salvatriz

Aquela menina sempre estava a criar, a mudar...
De quase certo, sempre a víamos com algo a torturar.
Forçando-o, torcendo-o, fazendo todo tipo de atrocidade.
Mas finalmente tornando-o algo diferente.

Carta vez não conseguiu transformar uma forma.
Pintou, serrou, colou, mas nada útil se formou.
A bochechuda então transformou sua conveniência.
Chegou ao mundo a Salvatriz

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sorte

Outro dia ouvi de um amigo uma frase interessante:

"Ontem o mundo era lindo, tinha dezessete anos e belos peitos.
Hoje o mundo é feio, tá de pau duro e quer comer meu cú."

Esse desabafo me lembrou daqueles dias maravilhosos onde o mundo me oferta todo seu poder e riqueza. Todas as minhas decisões são acertadas, o dia está ensolarado, acho dinheiro no bolso de um casaco velho, minha vizinha gostosa me dá mole no corredor. Enfim, tudo que pode dar certo acontece, de forma quase espiritual. O dia chega ao seu fim e me sinto um Deus sobre a terra, onde todos os mortais lá estão para me servir.

Existem também aqueles dias onde parece que Deus me esqueceu e com certeza eu não deveria ter levantado da cama. O dia amanhece chuvoso e frio em pelo verão carioca, meu fusca velho não pega, corro atrasado e perco o ônibus, quando consigo entrar ele quebra. Depois vem o engarrafamento, o chefe puto, a hora extra, o ônibus de novo, o engarrafamento, a rua tá enchendo por causa do temporal, a gostosa me xinga, achando que eu estava olhando pra sua bunda (e tava mesmo). Enfim, nestes dias o diabo tomou conta e quando deito na cama, quero morrer.

Por isso quando ouvi a frase acima ela pareceu se encaixar com perfeição na análise das variáveis da existência humana, comumente chamada de sorte ou falta dela.

Algumas vezes a poesia e a sabedoria se encontram no fundo de uma garrafa de cachaça, e o único meio de chegar a elas é sorvendo todo o liquido que se encontra entre nós.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O fim

Queria poder ser quem sou não sendo eu, mas sendo outra pessoa, uma pessoa que sendo sem ser eu possa falar por mim, mas sem que seja eu, seja outra pessoa.

Conheci Van Garbo quando caminhava pelo interior de Minas Gerais subindo uma montanha muito alta, com chão de pedra e sob um forte sol quente. Muito cansado e suado sentei sobre uma pedra debaixo de uma parca sombra oferecida por uma planta espinhosa, que morrera aparentemente há muito tempo. Olhando para o chão enquanto esperava a próxima gota de suor escorrer pelo meu queixo, ouvi um farfalhar atrás de mim e ágil como uma libélula, levantei de um pulo e tropeçando e levantando, tossindo poeira, parei a uns três metros de onde estava.

Quando corajosamente me preparei para enfrentar meu cansaço e correr feito louco, vi um topete azulado aparecer. Recuperado do susto, vejo que abaixo do topete tinham um par de sobrancelhas claras e alaranjadas, dois olhos pretos e uma cara branca e sardenta. Sorrindo para não gargalhar da estranha figura, pergunto o que ele estava fazendo ali, e sou informado que estávamos seguindo o mesmo caminho em busca da Janela. Seu nome é Lutero Von Garbo e apesar do calor e de sua pele clara, não estava vermelho nem suado. Quando o questiono sobre isso, ouço como resposta: Tem água ae?

Volto a caminhar, agora acompanhado pelo topetudo, que começa a falar pelos cotovelos pulando de um assunto para outro, sem pegar fôlego. Falou sobre a origem das mitocôndrias, se Helena gostava mais de Menelau ou Paris, se o homem foi ou não a lua, o clube dos 300, a causa das guerras modernas, poesia, porque o Vasco sempre fica em vice, e mais uma infinidade de assuntos que apesar de tão distintos e diferentes, Garbo sempre conseguia emendar um no outro e manter uma linha lógica e coerente enquanto caminhávamos montanha acima debaixo de muito sol.

Quando ele encerrou o assunto sobre o movimento Bara Bröst e começou a falar da bolha imobiliária e do Carlyle Group eu o interrompi e perguntei o que caraleos ele estava fazendo, já que nunca havia me visto na vida e eu não tinha dito mais do que um resmungo (que na verdade tinha sido pelo calor) durante todo o caminho. Novamente não me respondeu e disse que ia pegar um atalho para o basculante, já que a Janela estava muito longe. Antes de terminar a frase eu o perdi entre as moitas secas vendo apenas seu topete azul sumindo no meio delas. Na curva seguinte alcancei o resto do grupo...


Fiquei por muito tempo pensando o que foi aquilo, um ruivo de cabelo azul que sumiu da mesma forma que apareceu no meio de uma trilha, me falando de tudo quanto foi assunto. De certo modo sabia que algo estava por acontecer.