sábado, 7 de junho de 2008

Poesia pública

Hoje tenho uma proposta diferente para o blog, como minha criatividade anda se arrastando pelas escadas, proponho a interação dos leitores para participar ativamente da criação dos poemas.

Quem ler e se interessar, escreva nos comentários coisas que quer ver em um poema, ou trova, soneto, verso ou qualquer outra expressao poética...

Pode ser seu nome com o seu amor, ou um poema de ódio, ou uma tragédia, qualquer personagem e quaquer história. E a cada pedido o mais rápido possível postarei o poema abaixo.


Espero consegir...


Iti

O mundo diminui o espaço entre a gente.
A nano faz de cada átomo uma letra.
Em um palito de dente,
Escrevo toda a historia de Petra.

O´Ricci

O´Ricci Samba como um velho.
O velho escreve como um sábio.
Um sábio que não da conselho,
Resmunga, reclama e mete o bedelho.

Andreia Cristo

Em quentes noites desejo o corpo dela,
Para que sozinho não a sinta em meus umbrais.
Quero seu cheiro, ser o cão dessa cadela,
Quero tudo, só isso, e nada mais

Raoni

Ao que se pede e deseja aos tufos,
Sempre sabe que ouvem como surdos.
Com despreso cultura e besteiras,
Tento em vão entender suas sujeiras.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Brisa

A um coração puro, um sopro ou brisa de luxúria, brada com a urgência de um espírito despedaçado pela morte de seu amor.

Tal sopro ou brisa devora-lhe a alma com tamanha voracidade que se torna insuportável resistir ao pecado.

Este coração não mais quer ouvir sopros ou brisas, entretanto, não pode ignorar um pranto apaixonado.

Deixe-o vida, este não precisa mais de ti, Precisa de paixão e pecados.

O Corvo

Edgar Alan Poe é o cara! Este é seu poema mais conhecido, muito bom...


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."

terça-feira, 13 de maio de 2008

Portas

"Se as portas da percepção se abrissem tudo se pareceria como é" Blake/Huxley

Esta frase de Blake, popularizada por Aldous Huxley em seu livro As portas da percepção, é uma torrente de possibilidades. Pensando que a percepção é tudo é por onde percebemos nossa existência no universo e que no fim das contas não passam de impulsos elétricos no cérebro, o universo na verdade não existe fora de nossas cabeças. Ele não é como o vemos, ele nao é como é. Por isso quando Blake diz que se estas portas se abrissem nós veriámos a verdade desnublada por nossa percepção tudo se pareceria exatamente da forma como nós não vemos.

As possibilidades conjecturais para esta compreenção são infinitas, mas talvez a mescalina de Aldous aujde...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Um amigo meu, ator e poeta, já meio bêbado numa noite de poker e saquê em minha casa, criou ou recitou um poema que me lembrei agora, e diz muito sobre o que sinto hoje.

"A vida é foda.
Mulher é foda.
Nada como uma foda"

Diogo Mello

terça-feira, 29 de abril de 2008

Da série: Um cabeludo falou

Depois de muito tempo sem escrever por aqui, enquanto lia os textos de uns amigos me deparei com um, que era fantástico, que me trouxe enorme inpiração. Fiz poemas, contos, trovas, árias e tudo mais. Nada porém, chegava perto de expressar o que tinha lido e por isso resolvi simplesmente copia-lo e postar, dando os devidos créditos ao autor.

"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos trinta anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo.
Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um":duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação.
Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.
Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustam as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho.
E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."


John Lennon

segunda-feira, 17 de março de 2008

Olimpíadas de Beijing

A China é um país fantástico, tem 1,3 bilhão de pessoas, um governo “comunista” extremamente repressivo, e está conseguindo tudo o que quer do mundo, sem que ninguém se manifeste contra.

A China é uma nação muito antiga, que garantiu sua unidade graças a Shih Huang-ti conhecido como Ch´in, primeiro imperador da China, a custas de milhões de mortes. Foi ele também, que emendou os pedaços da grande muralha, sem dúvida, a custa de milhões de mortes novamente. Ao se aproximar de sua morte, com medo de ser perseguido no além pelas imensas multidões que massacrou, criou um exército de barro (guerreiros de terra cota) para protege-lo do outro lado. Junto com ele todos os engenheiros, arquitetos, operários e cerca de 300 concubinas foram emparedados em seu túmulo.

Em meio a todo esse sangue e gente morta, nasce a China, e após conseguir se livrar dos Hunos, de Gengis Khan, do seu filho e neto, de inumeras guerras com rebeldes, conservadores, grupos que almejavam controlar a China, grupos pseudo-religiosos, a guerra sino-francesa, a guerra sino-japonesa e o levante dos boxers e após anos de guerras internas, o partido comunista liderado por Mao Tse Tung, assume o controle da maior parte da China e junto com a revolução cultural ,mais mortes, mais sangue, mais repressão.

A China tradicionalmente manteve seus mercados fechados a empresas estrangeiras e ao mundo, porém, sem conseguir controlar sua economia e com muitas dificuldades de crescimento populacional criou o “socialismo de mercado com características chinesas” (capitalismo) e abriu suas portas para empresas estrangeiras, com excelentes oportunidades de negócios, já que na china o povo ganha mal, não possui direitos trabalhistas, e não tem quase nenhum direito sobre o estado.

Mas nessa hora que todos queriam ser amigos da China ela passou uma listinha onde entre outras coisinhas, dizia que o Tibete era parte legitima da China, e o nome do Brasil ta lá, assinado.

Como disse a China, mesmo sendo a nação mais populosa do mundo consegue coisas incríveis, sem que ninguém se incomode, como censurar a internet, fechar cyber cafés, matar cachorros a pauladas nas ruas para controlar a raiva, suprimir com violencia qualquer grupo numeroso, cometer todo tipo de atrocidade e não ser incomodada pela ONU (que é uma piada) , pela união européia, nem pelos estadunidenses, que se acham a “policia do mundo” e denfensores da liberdade. Mas também a maior parte da dívida externa deles é com ela...

As olimpíadas na China estão chamando a atenção do mundo para ela e os tibetanos aproveitam a oportunidade para engrossar o rio de sangue de nossos noticiários, buscando um pouco mais de autonomia. A China já bloqueou o Youtube, para os chineses não verem a verdade e proibiu imagens ao mundo do seu “controle” da revolta. Provavelmente não queria outra imagem como aquela do cara na frente do tanque, na praça da paz celestial, e ainda culpou o Dalai lama, Nobel da paz pelas mortes.

Viva a olimpiada de Pequim!!



terça-feira, 11 de março de 2008

A ilha

Atenção passageiros do vôo 8082 de Londres para Reykjavik da Air Iceland, o avião pousará em 15 minutos, temperatura local 9°C, aproveitem sua estada.
Meu islandês inexiste, mas meu inglês razoável me disse que estavam 9° la em baixo, e estávamos na época mais quente do ano islandês. Após 10 minutos de ônibus chegamos no albergue que ficaríamos, Garbo mal conseguia falar de tanto frio, por que evidentemente nossas roupas de inverno não estavam preparadas para o que estávamos vivendo.
Apesar de Garbo falar um pouco de islandês, todos falam inglês, e isso ajuda muito no meu entendimento do que se passa, inclusive a parte em que Sonja, a simpática e alva, recepcionista fala que o chuveiro coletivo não está esquentando muito, e que nós brasileiros poderíamos sentir um pouco de frio. Deverá ser só um pouquinho mesmo, pensei com sarcasmo.

São dez horas da noite, estou deitado na minha cama olhando para o teto, e pedindo perdão a Deus e a todos que um dia magoei, por que hoje irei morrer. O frio é tanto que apesar de estar vestindo 3 camisas, um casaco de lã, um moletom , e um grosso casaco de frio ainda parece que estou nu na neve durante uma tempestade de chuva e vento. Ainda tentando me lembrar de como fui convencido a gastar dinheiro pra viajar para a Islândia, rolo da cama para o chão, e levanto. Com tanta roupa é o máximo de movimento que consigo. Vou acordar Garbo, mas pelo que parece ele já morreu de tão pesado que esta o seu sono.

Ao chegar na área comum do albergue vejo que um grupo jovem, de dois rapazes e uma moça, estão bebendo e conversando alegremente, ao perceberem minha miséria, me chamam para a mesa, (pelo menos foi o que pareceu) meio zonzo de frio e sem entender nada do que se passa na conversa, me junto ao grupo. Todos se apresentam e isso demora uns quinze minutos, já que a pronúncia de seus nomes pra mim é quase um engasgo, e o meu pra eles ainda pior.
O papo rola, mais eu nada entendo, as vezes rio das risadas deles enquanto bebo uma cerveja quente com Brinivin, onde quente le-se não refrigerada, já que nada fica quente àquela temperatura, mas na maioria das vezes simplesmente observo e tento compreender o sentido do que está se falando. Algumas horas depois e muita cerveja, Sonja já se juntou a nós e me ajuda a entender o papo, e então de uma hora para a outra viro o centro das atenções, todos querem saber da vida no Brasil, das praias e tudo mais, e é aí que me esbaldo, conto histórias e estórias fantásticas de ondas enormes, bandidos, samba na Lapa e bebedeiras, a noite então se segue muito agradável e bem mais divertida.

A expressão cabo de guarda-chuva faz muito sentido nesta manhã fria, eu penso que o índice de alcoolismo dos países nórdicos deve ser muito alto e que o apelido de “morte negra” cai muito bem para a tal Brinivin. Desço para o café e Garbo já está escovando os dentes animadíssimo, porque hoje iríamos na faculdade de Ofélia.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Queridos Amigos

Algo fantástico acontece na televisão brasileira, porém, óbvio que sem muita atenção do público, que já foi programado para gostar de porcariismo big brotherista e novelas com enredos e desfechos sempre iguais.
Está passando, na globo, uma minissérie chamada Queridos Amigos, na madruga claro, depois de tudo, antes apenas do jornal da globo.

O que chama atenção para esta serie, é que aparentemente ela foge da tendência global de happy end, a série fala sobre um grupo de amigos ex militantes do golpe militar, (o último toque no assunto foi com Anos Rebeldes em 1992) que se deixaram de se ver depois de um tempo e agora estão tentando ser reunidos novamente pelo personagem de Dan Stulbach (Tom Hanks Tupiniquim).

O fantástico é que aparentemente ela está indo de encontro com a felicidade colorida tradicional e trageficando (inventei agora) todas as relações da série, o casal feliz e com a maior família se separa, o marido vai morar com a amante adolescente, o cara mal casado quando resolve terminar com a esposa pra ficar com a amada desiste ao ver o estado da amiga abandonada e segue em sua vida infeliz, o casal mais feliz de todos aparentemente não durará muito já que se insinua uma traição do marido, entre tantas outras tragédias que normalmente nunca aconteceriam na globo.

O melhor de tudo é a critica ao casamento e a ignorância, super novidades na TV do Seu Roberto, todo episódio tem uma fala inteira de alguém sobre a falência do casamento, e sobre a ignorância intelectual.

Para aqueles que não são chegados nos contos sempre iguais da globo é uma boa oportunidade assistir, pois essa nunca será reprisada com certeza. Nunca o gado que segue a globo teve tanto que ir ao dicionário para compreender o que era dito na TV, nuca se falou tanto de Proust e outros poetas alemães e franceses, nunca todos os personagens foram influenciados por jornalistas, músicos, poetas, políticos escritores e outras artistas como esse grupo.

Sabe-se lá como convenceram a globo a por um programa com esse no ar, então nós, pessoas esclarecidas, que não seguimos a manada, que prezamos pela qualidade intelectual de nossos conteúdos influenciadores, vamos aproveitar e assistir-la, para mostrar também que há vida do lado de cá da tela, e inspirar aqueles dois ou três que nos regalam com obras como essa, e a Pedra do Reino que foi um fracasso financeiro com índices medíocres de ibope, mas claro Suassuna não é pra qualquer um...

terça-feira, 4 de março de 2008

Para animar os poetas

Todos sabem o que é uma trova, não? para os que não sabem, trova é um poema de uma estrofe com quatro versos onde o primeiro rima com o terceiro e o segundo com o quarto.

Proponho a todos os interessados poetas e romancistas, um jogo, que funciona da seguinte forma, eu vou postar uma trova e o primeiro a postar comentario deverá usar o meu último verso como o primeiro de uma nova trova.

Bem simples não? Vamos lá


De dar brilho à noite escura,
Eram seus olhos devassos.
Que me olhando com docura,
Me enchiam de embaraço.

domingo, 2 de março de 2008

Garbo delirando

Frio! Que merda, odeio frio, disse o topetudo na rede da minha varanda enquanto olhava as montanhas. O lugar onde moro é alto e no inverno, como agora, esfria bastante para os padrões cariocas, Garbo enfrenta um cortante e gelado vendaval, por motivos que ignoro. Na verdade não faço idéia nem de como ele entrou aqui, mas esta lá, balançando e reclamando enquanto tomo chá.

Chego até ele para perguntar por que ele ainda está lá, já q o frio o incomoda tanto.
- Cara, preciso da sua ajuda, preciso encontrar alguém e só você pode me ajudar, fala Garbo entre os dentes que batem pelo frio.
- Em primeiro lugar eu mal te conheço, respondo, e ademais como eu que nem sei quem você é poderei te ajudar a encontrar alguém que não conheço? E esse papo de que só eu posso te ajudar, que dramalhão.
- Você sabe sim quem eu sou, e melhor do que você imagina, sabe também quem estamos procurando e por que precisa dela tanto quanto eu.
- Dela?
- Temos que encontrá-la, tenho algo a dizer que é imperativo que seja ouvido por ela.
- Nossa, lá vem você de novo com esse papinho...
- Tive que deixar minha querida Ofélia na Islândia enquanto ela enlouquecia tentando compreender um poema skaldico.
-Poema o que? Perguntei sem nem conseguir repetir o que tinha ouvido.
- Skaldico, ignorante, é um tipo de poesia criada na Islândia medieval por Skalds (poetas da época), o problema é que os skalds usavam um estrito sistema para escrevê-los conhecido como verso aliterativo e muitos kennings, que são uma forma figurada de descrever uma pessoa ou lugar, e para se compreender o kenning precisa-se de um profundo conhecimento da literatura da Islândia medieval.
- Islândia medieval? Mas do que você está falando e por que a sua Ofélia se interessaria por isso?
- hã... talvez por que ela seja a pesquisadora chefe da Universidade da Islândia – disse garbo com soberba.
- hum... mas e daí, qual o problema do poema e porque agora você tem que encontrá-la?
- Segundo ela, o poema que encontrou numa caverna, da ilha de Svalbard, dá orientações sobre uma cidade perdida, fundada por Leif Ericson.
- O cara do celular? Interrompi abruptamente
- Não, ignorante, o filho de Eric, o vermelho, viking que fundou a primeira colônia na Groelândia.
- E nessa tal cidade perdida tem ouro e jóias? Que batido...
- Não, ignorante, lá estão o resto da saga islandesa que conta a história de um grupo, que junto com Leif, chegou a América em torno do ano 1000, e que pode mudar significativamente parte da historia da colonização das Américas.
- hum... e onde minha vida é atravessada por esta Estória fantástica? Indago indo pegar outra xícara.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Estadunidenses x Gente

Estadunidesnses não são gente.

De forma alguma são gente como a gente, aquele povinho estranho que vive lá em cima, perto dos pacíficos e educados canadenses e dos latinos e animados mexicanos. Reparem nas tentativas deles de se mostrarem diferentes ou e tentarem ser.

Os estadunidenses diferente do resto do mundo, não pensam em kilometros, metros e centímetros, usam milhas, jardas, pés e polegadas. Descobrir a altura de alguém é quase impossível quando a resposta vem assim: “Seven five” Sete pés e cinco polegadas. Tá de sacanagem, né? Porra, mas que coisa ilógica, tinham que escolher a forma mais primitiva e complicada para medir?
E as grandes distâncias então, eu pergunto onde fica tal lugar e o cara responde – six hundred yards – Fudeu!! Nunca saberei qual a distância disso, é muito, é pouco? Quantos campos de futebol cabem? E se ele responde – 2 milles – aí melhora um pouco, tenho só que multiplicar por 0,6 de cabeça na hora, para poder ter alguma noção...

Outra coisa que você realmente terá dificuldade de entender se ouvir de um estadunidense é sobre a temperatura, pergunte quantos graus estão e o rosadinho te responde: 32º Fahrenheit - Você pensaria que está quentinho, mas está 0º Celsius! Porque qualquer coisa que ele te disser você diminui 32 e divide por 1,8 que é uma conta muito tranqüila de se fazer para saber a temperatura e terá o correspondente em Celcius. Desde 1724 o povinho de lá e o resto do mundo usavam esta medida de módulos enormes, mas em 1742, um carinha (que não era estadunidense, claro) criou o grau Celsius, bem mais lógico, que dizia que a água congelava a zero graus e fervia a 100, e não 32 e 212. Desde lá os pitizentos estadunidenses continuam usando o Fahrenheit sabe-se lá porque.

Sobre o avião, os estadunidenses, claro, acreditam que diferente, do resto do mundo, foram os irmãos Wright os criadores do avião, mas alguém deveria avisá-los que a catapulta foi uma invenção romana e não estadunidense, e que avião é algo que voa com propulsão própria, como Santos Dumont fez.

Os esportes também são uma fartura de coisas que só eles gostam, algumas são realmente boas e eles conseguem exportar, outras não...
Só la tem, Futebol americano, que copiaram do rúgbi e mudaram um pouquinho as regras. Por causa do nome que deram, eles chamam o verdadeiro futebol de soccer, mas só lá. Tem também o basebol que só eles entendem, a Nascar em que os carros ficam correndo em círculos em todas as pistas do circuito, tem também o Lacrosse que eles inventaram mas ninguém se interessou...

Alguns deles realmente acreditam que são a policia do mundo, e não os piratas do mundo, seu governo mete o bedelho em cada conflito em que possa se dar bem ou vender armas, arruma confusão com todo mundo, boicota aqueles que não seguem suas regras e obriga o resto do mundo a concordar, se dizem os defensores da democracia, mas só onde interessa, nem a china nem a áfrica precisam de democracia...

Por isso afirmo que eles não querem ser ou não são gente, e se você, leitor, possuir alguma prova de que eles não são gente, me mande que eu anexo ao texto.

PS: Eles também acham que são os unicos no continente americano.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Trova

Vaidosa, ela se assume!
Em seu ódio indiferente.
Ilumina como um vaga-lume,
O seu sexo rubro e quente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sentir-me

Verta sobre pálpebras o calor da lua.
Em minha mão o néctar de um pensamento.
Derrame sob a noite de outrora um manto de chuva.

Hoje será tido tudo que nunca se teve em meu corpo,
Tudo que cada grama de meu corpo assola,
Corruptamente inebriando seu sexo.

À violência carmim de meus toques.
Estremecerá a carne em tórridos vibratos .
Ao salão que se inunda ao som de arias voluptuosas.

Pupilas dilatadas sentem o calor refletido em prata.
O delírio de antes é serenamente domado,
Ante novos versos escritos em hiatos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sun screen

"Você também vai envelhecer, e quando isso acontecer você ira fantasiar que quando era jovem, os preços eram acessíveis,e os políticos eram menos corruptos."

"Conselho é uma forma de nostalgia. Dar um conselho é uma forma de resgatar o passado da lata de lixo limpa-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço maior do que ele realmente vale"


Sun screen é um vídeo de fim de ano de uma agencia de publicidade para seus clientes, todo mundo com certeza já ouviu, mas vale sempre a pena ver novamente. Uma curiosidade é que o cara-de-imbaúba do Pedro Bial traduziu o texto, mudou as imagens e disse que era dele, que ele tinha escrito, não teve sequer a mínima decência de mudar o as palavras traduziu no pé.

Nada mais natural de se ouvir, de um homem que é inspirado por heróis como os dele.

Segue o link

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Desejo

Certa vez Garbo deu-se a falar de seus amores, daquelas poucas que ele realmente amou, às quais se mostrou com tamanha pureza, que nem mesmo ele sequer conhecia inteiramente, mas a sua amada tudo ofereceu.

Ofélia era para Garbo a maior de todas as inspirações, deleite fugido de seus sonhos mais obscenos e pecaminosos, mais angelicais e tenros, era ela uma jovem descendente de quatro ou cinco gerações de bêbados do leste europeu, o sangue viciado por uma hereditariedade de miséria, luxuria e bebedeiras, que nela se transformava num desequilíbrio nervoso do seu sexo, em uma volúpia louca repleta de paixão e ardor.

Possuía Ofélia olhos oblíquos e simetricamente fora de eixo, alta, com cabelos selvagens, e de carnes soberbas, tal qual uma planta que avança sobre os muros dos castelos, vingava os vadios e os abandonados de que era produto. Com ela, a podridão que fermentava nos puros e atrozes vinha à tona, e corrompia a aristocracia com o poder e intensidade de uma chuva de verão. Tornava-se uma força da natureza, um fermento de destruição no coração dos homens, sem mesmo o desejar. Corrompeu e desorganizou o coração de Garbo entre as suas coxas brancas, tornando-o adulador de suas vontades, o servo de um amor incompreensível e perigoso.

Porém como natural das chuvas de verão, Ofélia se foi com a chegada do outono deixando ao servo de outrora a lembrança de que nada ataca mais ferozmente e profundamente que o amor, deixando profundas e perenes cicatrizes.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Outro

À necessidade humana do olhar e do desejo se fazem unicamente a forma de se ver. Cada agrupamento molecular que deseja, espera o outro para sua satisfação, o outro porém chega em busca de si, no outro.


"E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora o teu olhar,
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho."

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Torrão e o Seixo

O Torrão e o Seixo

"O Amor jamais a si quer contentar,
Não tem cuidado algum como o que é seu;
Sacrifica por outro o bem-estar,
E, a despeito do Inferno, erige um Céu"

Esse era o canto de um Torrão de Terra,
Pisado pelas patas da boiada;
Mas um Seixo, nas águas do regato,
Modulava esta métrica adequada:

"O Amor somente a si quer contentar,
Atar alguém ao próprio gozo eterno;
Sorri quando o outro perde o bem-estar,
E, a despeito do Céu, ergue um Inferno."

Blake

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A Bochechuda e a Almofada Salvatriz

A Bochechuda e a Almofada Salvatriz

Aquela menina sempre estava a criar, a mudar...
De quase certo, sempre a víamos com algo a torturar.
Forçando-o, torcendo-o, fazendo todo tipo de atrocidade.
Mas finalmente tornando-o algo diferente.

Carta vez não conseguiu transformar uma forma.
Pintou, serrou, colou, mas nada útil se formou.
A bochechuda então transformou sua conveniência.
Chegou ao mundo a Salvatriz

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sorte

Outro dia ouvi de um amigo uma frase interessante:

"Ontem o mundo era lindo, tinha dezessete anos e belos peitos.
Hoje o mundo é feio, tá de pau duro e quer comer meu cú."

Esse desabafo me lembrou daqueles dias maravilhosos onde o mundo me oferta todo seu poder e riqueza. Todas as minhas decisões são acertadas, o dia está ensolarado, acho dinheiro no bolso de um casaco velho, minha vizinha gostosa me dá mole no corredor. Enfim, tudo que pode dar certo acontece, de forma quase espiritual. O dia chega ao seu fim e me sinto um Deus sobre a terra, onde todos os mortais lá estão para me servir.

Existem também aqueles dias onde parece que Deus me esqueceu e com certeza eu não deveria ter levantado da cama. O dia amanhece chuvoso e frio em pelo verão carioca, meu fusca velho não pega, corro atrasado e perco o ônibus, quando consigo entrar ele quebra. Depois vem o engarrafamento, o chefe puto, a hora extra, o ônibus de novo, o engarrafamento, a rua tá enchendo por causa do temporal, a gostosa me xinga, achando que eu estava olhando pra sua bunda (e tava mesmo). Enfim, nestes dias o diabo tomou conta e quando deito na cama, quero morrer.

Por isso quando ouvi a frase acima ela pareceu se encaixar com perfeição na análise das variáveis da existência humana, comumente chamada de sorte ou falta dela.

Algumas vezes a poesia e a sabedoria se encontram no fundo de uma garrafa de cachaça, e o único meio de chegar a elas é sorvendo todo o liquido que se encontra entre nós.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O fim

Queria poder ser quem sou não sendo eu, mas sendo outra pessoa, uma pessoa que sendo sem ser eu possa falar por mim, mas sem que seja eu, seja outra pessoa.

Conheci Van Garbo quando caminhava pelo interior de Minas Gerais subindo uma montanha muito alta, com chão de pedra e sob um forte sol quente. Muito cansado e suado sentei sobre uma pedra debaixo de uma parca sombra oferecida por uma planta espinhosa, que morrera aparentemente há muito tempo. Olhando para o chão enquanto esperava a próxima gota de suor escorrer pelo meu queixo, ouvi um farfalhar atrás de mim e ágil como uma libélula, levantei de um pulo e tropeçando e levantando, tossindo poeira, parei a uns três metros de onde estava.

Quando corajosamente me preparei para enfrentar meu cansaço e correr feito louco, vi um topete azulado aparecer. Recuperado do susto, vejo que abaixo do topete tinham um par de sobrancelhas claras e alaranjadas, dois olhos pretos e uma cara branca e sardenta. Sorrindo para não gargalhar da estranha figura, pergunto o que ele estava fazendo ali, e sou informado que estávamos seguindo o mesmo caminho em busca da Janela. Seu nome é Lutero Von Garbo e apesar do calor e de sua pele clara, não estava vermelho nem suado. Quando o questiono sobre isso, ouço como resposta: Tem água ae?

Volto a caminhar, agora acompanhado pelo topetudo, que começa a falar pelos cotovelos pulando de um assunto para outro, sem pegar fôlego. Falou sobre a origem das mitocôndrias, se Helena gostava mais de Menelau ou Paris, se o homem foi ou não a lua, o clube dos 300, a causa das guerras modernas, poesia, porque o Vasco sempre fica em vice, e mais uma infinidade de assuntos que apesar de tão distintos e diferentes, Garbo sempre conseguia emendar um no outro e manter uma linha lógica e coerente enquanto caminhávamos montanha acima debaixo de muito sol.

Quando ele encerrou o assunto sobre o movimento Bara Bröst e começou a falar da bolha imobiliária e do Carlyle Group eu o interrompi e perguntei o que caraleos ele estava fazendo, já que nunca havia me visto na vida e eu não tinha dito mais do que um resmungo (que na verdade tinha sido pelo calor) durante todo o caminho. Novamente não me respondeu e disse que ia pegar um atalho para o basculante, já que a Janela estava muito longe. Antes de terminar a frase eu o perdi entre as moitas secas vendo apenas seu topete azul sumindo no meio delas. Na curva seguinte alcancei o resto do grupo...


Fiquei por muito tempo pensando o que foi aquilo, um ruivo de cabelo azul que sumiu da mesma forma que apareceu no meio de uma trilha, me falando de tudo quanto foi assunto. De certo modo sabia que algo estava por acontecer.